segunda-feira, 11 de abril de 2011

VÉSPERA


Faz um ano
se é que faz
desfaz-se um sonho
desmarca o tempo
Faz um ano
 se é que faz

A espera na amarra
o grito
o riso solto
o criar com as mãos
e com os pés
e com os olhos
           a fala
           o gesto
o criar criando
o criar criança
no se espalhar
de um ano
no gargalhar de um tempo
A esperança na amarra

Faz um ano
se é que faz
O corre-corre
o volta sempre
a falta do carro
a farsa no palco
e riso
e ânsia
e esse sufuco imenso
preso sempre e sempre
e sempre na garganta

Os amigos dispersos
diversos
numa só mão
no empurrar da aflição

Passa folha
          risco
          letra
inverte
investe

A festa na sala de estar
no palco
na mente
no corpo
A vida voava num dia
passava o momento
             o minuto
             o segundo
ninguém via

Faz um ano
se é que faz
a esperança feita de farra
um ano
se é faz

O gesto agora é pequeno
O mundo agora é pequeno
A vida agora é
não sei
A esperança é feita de farra
se é que se faz

(Poema publicado em DESCOMPASSO, relembrando a preparação do livro CORAÇÕES TROPICAIS)

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