terça-feira, 12 de abril de 2011

ESTÓRIA DE BRUXAS

Hoje diria o verso exato
no momento exato
com a palavra exata
que ficou perdido
               esquecido
na garganta

Hoje contaria estórias de fadas
de gênios
de moços emoldurados na armadura prata
Hoje contaria estórias de gente
e falaria de amor
invertendo o não
contaria estórias de mim
e marcaria com a precisão
de cada gesto
de cada ato
o manifesto fato
de um largo
          monumental sorrir

Hoje respiraria o que há de azul
neste resto de outono
                        o que há de rosa
neste inicio de tarde
                        o que há de branco
nesta nesga de mar

Sorriria hoje
Amaria hoje
Retificaria verdades esquecidas
Ratificaria mentiras infantis
Seria criança hoje

Mas implodo seca
No gesto maduro
Na gargalhada muda
Na rima pobre
Noinexato verso
sem momento e sem palavras
como nas estórias de bruxas

(Poema publicado em DESCOMPASSO, 1978)

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