quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

ENGRENAGEM


No rumo
Na rima
No ranço
Traço o poema troça
Tranco o riso
Trinco o lábio
Lacro o amargo
          a saudade

No rumo de cada estória
faço a trama da razão
Risco
Rasgo
Canso
faço o drama
       o cantochão

Na rima de cada canto
canto mais alto que posso
Grito
Torço
Vingo
Mando
Em resposta o contracanto
                    o contratempo
                    a contramão

No ranço de esperança vaga
Limo o susto
Lixo o medo
Solto o verbo
Seco no peito a palavra
Murcho o que há de extremo
Marco o que não foi falado
E em resposta o degredo
o troco um desagrado
o pranto como desculpa
a vida como culpada

(31/8/78- Eu tinha acabado de fazer 21 anos.E ainda eram anos de chumbo.)

(Poema publicado em DESCOMPASSO, ed. Cátedra, 1979)

Um comentário:

  1. Que surpresa boa!!! Hoje, percorrendo seu blog, vi que tinha um Patricia Blower Poesia! Isso é maravilhoso e vou matar as saudades daqueles anos em que éramos felizes e não sabíamos. e sua poesia é sempre bem vinda! amei!!!!

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